Marlon muebeitoa yu ajue beisie.

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Let's learn a foreign language!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O Foco da Língua

Sabe, um dos grandes problemas que qualquer tradutor enfrenta é saber como funciona a língua estrangeira como trabalha. Não falo sobre compreender como são formadas as frases, como as palavras são derivadas, qual a ordem dos termos de uma oração, enfim, gramática e companhia.
A real dificuldade é sacar o que é importante dentro da estrutura lingüística e cultural de um idioma. Perceber qual é o foco de determinada língua ao expressar estados, relatar ações e explicar fenômenos.

Eugene Nida é um dos teóricos da tradução que comenta sobre este fato interessante. Em um de seus livros, ele cita o seguinte exemplo: he swam across the river. Qualquer tradutor desatento, ou estudante de inglês metido a sabidão, certamente verteria esta frase de forma literal, o que geraria esta “maravilha”: ele nadou através do rio (ou “pelo rio”). Alguns mais espertinhos talvez traduzissem como, “ele nadou até o outro lado do rio”.

Tudo bem. Estas são opções aceitáveis, desde que você não leve em conta a diferença de foco entre a língua inglesa e a língua portuguesa. Em inglês, o modo como algo é feito é mais relevante do que a ação em si. Por isso existem tantos verbos ingleses com a idéia de como é ou foi executada certa ação embutida neles (também existem alguns em português, mas não tantos, por exemplo: “beber”, “bebericar” e “entornar”). Já em português, a forma como se faz algo é uma informação secundária, pois o ato em si é o que mais importa.

Então, he swam across the river fica mais propriamente vertido da seguinte maneira: “ele atravessou o rio a nado”. Outros exemplos: she padded across the room, “ela atravessou a sala de mansinho (sem fazer barulho)”; the police officer shot a man to death, “o policial o matou o homem com um tiro (a tiros)”.

Outra situação engraçada, mas muito interessante, são os momentos em que um adjetivo em inglês se torna um substantivo em português e vice-versa. Increased punishment, “aumento de pena”; terrorist financing, “financiamento ao terrorismo”; deviant behaviour, “desvio de comportamento”; poor health, “problemas de saúde”.

Assim, é preciso que um tradutor entenda o que cada idioma com o qual trabalha valoriza, para que produza traduções fluentes e naturais dentro da tessitura lingüística e cultural de chegada.

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