Marlon muebeitoa yu ajue beisie.

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segunda-feira, 2 de março de 2009

A Intensidade nos Recônditos da Alma

Tenho passado por uma experiência autorreflexiva bastante inusitada. E o motivo é um simples elogio nunca dantes recebido e que me deixou profundamente lisonjeado: “você é tão intenso”. Por conseguinte, decidi elaborar uma breve pesquisa e chegar a algumas conclusões sobre o que é ser “uma pessoa intensa”.

Uma amiga minha de outra cidade, que revelou-me ser uma pessoa muito interessante, foi a autora da proeza supracitada. O fato é que ela me intrigou de forma magnífica desde nossas primeiras conversas virtuais com aquela qualidade em mim contida e até então despercebida.

Mas como se pode medir a intensidade de uma pessoa? Pelas muitas palavras por ela escritas? Pelos muitos vocábulos por ela balbuciados? Pelos muitos gestos por ela articulados? Pelos muitos pensamentos por ela formados? E afinal, o que é “intensidade”?

Nos termos da física, esta grandeza é a medida da variação de fluxo de energia no tempo. Se “fluxo de energia” for compreendido como quantidade de palavras, volume de idéias, amontoado de pensamentos e conjunto de gestos, todas as opções acima são válida para mensurar a intensidade de um ser humano. Ponto positivo para os prolixos e verborrágicos.

Ainda dentro da física, existe a intensidade de campo. Esta grandeza mede a força do campo gravitacional, que é sua capacidade atrair objetos para dentro de si e fazê-los girar em torno de sua órbita sem dele se desprender facilmente. Esta definição se aproxima do conceito mais sintético de intensidade apresentado por alguns dicionários: “grau de uma força”. Intensas seriam as pessoas que progressivamente cativam seus amigos e conhecidos, que cada vez mais entorpecem com o amor seus parceiros, cônjuges e entes queridos, que conquistam sutilmente seus alunos, companheiros e afins. Seriam os seres capazes de fazer outras pessoas girarem em torno deles mesmos, dispostos a segui-los e a executar suas vontades, por mais torpes que sejam (verdadeiros líderes devem ser intensos, nesta concepção).

Já na área da acústica, tal atributo também é conhecido como “pressão sonora”, ou no jargão popular, volume. É a percepção pelo ouvido humano da amplitude de uma onda sonora, medida pela unidade logarítmica decibel (dB). Por esta perspectiva, aqueles estrondosos falantes, que nem sequer precisam de um microfone ou algo do tipo para fazerem sua voz alcançar os quatro cantos do ambiente onde se encontram, poderiam ser eufemicamente chamados de “intensos” – isso para não dizer, “incômodos”. Mais vale elogiar do que magoar, afinal.

Na geologia, isto é, na sua ramificação conhecida como “sismologia”, a intensidade sísmica é a forma de medida qualitativa empregada a fim de descrever o mais precisamente possível os efeitos causados por terremotos em locais da superfície terrestre. Pode ser classificada por meio da observação dos danos gerados na localidade atingida, juntamente com a aplicação de questionários às pessoas afetadas. Ou seja, poetas, músicos e artistas deste tipo, ou ainda meros galanteadores e Don Juans de plantão que realmente abalem o interior de alguém, que de fato mexam com as estruturas internas de outrém – de forma positiva ou negativa, por mais absurdo que pareça – fariam parte do privilegiado grupo das pessoas “intensas”.

Enquanto isso, na fotometria a intensidade luminosa se caracteriza como a medida da percepção da potência emitida por uma fonte luminosa em uma dada direção, sendo a candela (cd) usada como sua unidade. Então, por este ângulo, aquelas pessoas que são, na maioria das vezes involuntariamente, hábeis em transmitir imensa alegria, vivacidade, positivismo, ânimo, bondade, amor e todo tipo de bom sentimento e agradável sensação que você possa imaginar ou desejar para si mesmo, seriam consideradas “intensas” (mas é importante ter em mente que o oposto também é verdade). Tamanha é a luz que emanam, que conseguem ofuscar tristeza, angústia, desespero, agonia, desmotivação e estados de espírito semelhantes a estes ou piores, e vice-versa.

Na elétrica, o Ampere é a unidade utilizada para medir a intensidade de uma corrente elétrica. O termo, neste caso, representa a carga elétrica que passa por um fio durante certo tempo, ou ainda, é o resultado da tensão elétrica divida pela resistência à passagem dos elétrons. Nesta situação, a quantidade de emoções provocadas em nós ou o volume de pensamentos captados ou idéias fomentadas por algum período de tempo quer seja por meio de texto, fala, gestos ou mesmo pelo olhar, resultaria da intensidade do escritor, locutor, autor ou observador que a nós se direciona.

Enfim, são muitos os conceitos, são vastas as definições desta virtude ora benéfica, ora maligna, de acordo com o intento por ela concebido. Saber se expressar bem, conseguir transparecer o que se revolve em nossa agitada psique, desvencilhar-se de qualquer dissimulação para agir de forma transparente e despretensiosa... Tudo isto e muito mais poderia traduzir esta tal “intensidade” em termos humanos, linguísticos, culturais, sociais e psicológicos – cabe ao prezado leitor acrescentar outras significações ao tema em reflexão, desde que se empenhe a ser intenso ou mais que isso algum dia.


Fonte das explicações técnicas: Wikipedia

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